Repensando a instrução do processo projetual
Julio Ariel Guigou-Norro
Entre os maiores desafios decorrentes da instrução do processo de projeto arquitetônico destaca-se o aspecto de que há coisas que não podem ser ditas, elas são implícitas e só poderão ser entendidas pelos estudantes no fazer, na ação. Precisamente, este é o primeiro paradoxo do ato de aprender a projetar; por um lado, o aluno não entende o significado do processo de projeto, por outro, o instrutor do ateliê vê que determinadas coisas que ele explica poderão não ser entendidas, efetivamente, elas só serão compreendidas durante o exercício prático do processo de projeto. É, precisamente nesse aspecto que, segundo Schön, se origina o “dilema de aprender a projetar”, uma nova competência onde ”um estudante não pode inicialmente entender o que precisa aprender; ele pode aprendê-lo somente educando a si mesmo e só pode educar-se começando a fazer o que ainda não entende”1. Estas ponderações abrem espaço para a discussão sobre o importante papel reservado ao instrutor do ateliê, uma figura chave da aprendizagem do processo de projeto.
Ensinar o processo de projeto implica uma relação entre instrutor e estudante onde ambos contribuem para a prática do ateliê com a sua capacidade para estabelecer uma forma de comunicação, um diálogo que apresenta três características essenciais: “acontece no contexto de uma tentativa de desenhar do estudante; faz uso de ações, bem como de palavras, e depende da reflexãona-ação”2.
Na instrução do processo de projeto, o instrutor procura identificar quanto o estudante entendeu e onde incidem as suas dificuldades e é nesse momento que o instrutor se coloca frente a um segundo paradoxo do ato de aprender a projetar: dizer ou mostrar uma(s) solução(ões). Schön entende que os instrutores variam em preferência por dizer ou mostrar. Alguns atuam por meio de perguntas, conselhos ou críticas a fim de construir uma situação onde o estudante