Rene Girard
ESTADO E VIOLÊNCIA
Para muitos René Girard é um antropólogo, para outros é um sociólogo. Contudo, podemos afirmar que René Girard é prioritariamente um antropólogo, pois ele sempre está preocupado em compreender e fazer avançar suas investigações tendo como base a compreensão da cultura.
René Girard é o grande articulador da teoria do bode expiatório. Segundo ele, a figura do bode expiatório pode ser encontrado em diversas manifestações da cultura (literatura, música, folclore, filmes, rituais religiosos, mitologia grega e egípcia). Assim, podemos afirmar que a teoria de Girard tem a pretensão de ser uma teoria geral da cultura, do funcionamento da cultura, ou seja, a forma como as mais diversas culturas trabalharam e administraram o fenômeno da violência socialmente engendrada.
Então, partindo do pressuposto que a violência é onipresente, e que a violência é constitutiva do nosso ser a da nossa sociedade, como foi que as nossas sociedades conseguiram se sustentar no tempo e no espaço? Como elas conseguem crescer e se manter saudável? A resposta para essas perguntas reside na figura do bode expiatório. Segundo essa teoria, toda sociedade produz determinados sujeitos que podem ser chamados de “matáveis”, isto é, um estoque de pessoas que serão sacrificadas para que a violência possa se manter em níveis aceitáveis (um estoque infinito e sempre renovado de vítimas).
Atualmente, o mundo midiático coloca a culpa em alguém que muitas vezes nem é culpado. Contudo, a teoria do bode expiatório não visa responsabilizar alguém, pois todos podem escapar inumes disso (ex. quando a mídia quer culpar alguém, qual será o argumento que realmente condenou alguém – ninguém pode responsabilizar alguém por ter atirado a pedra, quando todos estiverem atirando também).
René Girard apostou muito tempo em um raciocínio efetivamente racional. Atualmente, ele vem mudando de ideia, vez que não é uma questão de separar razão de impulso, pois se o mecanismo é