Renascimento
Com efeito, o preconceito nasceu com humanistas italianos que acentuavam que o Renascimento devia-se ao reencontro com a Antiguidade clássica e à negação da Idade Média. Porém, o Renascimento, enquanto paradigma, não se explica como uma ruptura, nem isoladamente como um reencontro com a Antiguidade clássica. Trata-se de um momento extraordinário, que resulta naturalmente do período que o precede, apesar da influência que a cultura clássica exerceu nos intelectuais renascentistas.
A sua novidade é a consequência natural de uma conjuntura que progressivamente se impunha na Europa desde meados do século XII; as suas implicações eram de natureza social, cultural, religiosa, política e econômica. Com efeito, a transição do paradigma gótico para o renascentista não foi necessariamente mais significativa do que a transição do românico para o gótico, simplesmente o contexto de um mundo centrado no Mediterrâneo estava a terminar e o fim desse mundo coincide com uma série de fatores, entre os quais se destaca a redescoberta da cultura clássica.
Tzevtan Todorov descreve assim um Mundo em mudança estrutural: "Em finais do século XV e início do século XVI, não se pode deixar de ter a impressão de que a História européia, e mesmo mundial, acelera de um modo extraordinário. […] Num espaço de trinta anos, tudo muda. Em 1492, Colombo atravessa o Atlântico e «descobre» as Antilhas; nos anos que se seguem chega ao continente americano. Em 1498, Vasco da Gama dobra o Cabo da Boa