renascimento
Não havia muito tempo, uma perda abalara-me de maneira intensa. Uma morte que me desafiara completamente.
Não quero aqui parecer insano, carrego em mim convicções inúmeras que me ajudariam a lidar de maneira mais sutil e adulta com essa situação.
Perdera um amigo, talvez seja melhor dizê-lo como meu parceiro, alguém que muito admirava e que nas piores horas acolhia-me somente o fato de sua existência. Éramos realmente muito parecidos;
Esse alguém que por muito tempo inspirou-me à alegria que eu tanto amava e necessitava, e que de certa maneira era minha própria composição, esse alguém que carregava consigo conselhos dignos de um verdadeiro mestre, fora-se.
Eu sentia com se em mim houvesse apagado uma luz interior.
Com a mesma intensidade do abalo crescia uma completa certeza de que o fundamental naquele momento era recolher-me em território estrangeiro, gozar belezas naturais e satisfazer-me da vida como em uma homenagem ao velho companheiro.
Pus-me em direção ao deserto mexicano então.
Foram 5 dias o suficiente para preparar toda a documentação necessária, despedir-me do emprego que naquele momento se fazia passar por mim, fazer as malas.
Eu não estipulara prazo de retorno, ofertara ao acaso a elaboração de roteiro, até que enfim a superação me transbordasse e eu conseguisse sentir a sensação de missão completa.
Chegando no México alojei-me por 2 dias afim de visitar a cidade de Teotihuacan, construída pela civilização Maia e composta de fascinantes pirâmides, que remeteram-me a uma visão muito ampla da vida no mundo.
Posterior a essa experiência e já psicologicamente preparado, não havia mais tempo a perder, eu devia enfrentar meu desafio e alcançar-me plenamente no deserto, afinal esse era o meu objetivo, tirar o tudo do nada e encher-me com ele.
Caminhava diariamente na vastidão vazia, sob um céu completamente limpido e um vento acentuado enquanto considerava quase todas as minhas memórias em recapítulos, desfazendo-me de todo