Religião e Sociedade
A experiência religiosa não se dá apenas numa comunidade de fé, mas também no meio do mundo, da história e da sociedade. É aí que se vai descobrir uma dimensão fundamental da fé, que é a dimensão da prática. A fé nos é dada para que tenhamos uma prática decorrente e coerente com esta fé. Tem que haver um agir que procede da fé, está motivado pela fé e dá testemunho da fé. Tem que haver uma práxis na qual se manifesta a fé.
A fé que se expressa em uma tradição religiosa é abertura à realidade. Não é só iluminação da existência. É também renovação e transformação da existência. No caso do Cristianismo, a fé é antes de tudo uma prática que deve ser vivida radicalmente. Nesta prática se manifestam a teoria e a experiência vivida interiormente. É agindo que vão se poder descobrir e nomear as experiências fundamentais e os conceitos, como amor, perdão, etc.
Praticar a verdade é,pois, o caminho para se chegar à luz dessa verdade. A verdade da fé não é uma teoria que prescinda da pessoa e da existência real e histórica. Mas é um caminho, no fio da história, que determina a existência de todo homem.
Portanto, a grande exigência da fé, antes que poder e saber enunciar corretamente seus conteúdos e conceitos, é poder e saber levar a cabo uma práxis vital orientada radicalmente à construção de um mundo mais justo. O tema da fé, da religião e da salvação não é algo que se passa privadamente entre Deus e a “alma”, mas tem uma dimensão pública, social. Isso implica que suas exigências e conseqüências também têm essa dimensão pública, social, histórica.
Quando se percebe que a realidade está atravessada pela opressão e injustiça, a fé é chamada a dar uma resposta libertadora e transformadora. Esta resposta não pode ser apenas paliativa e pontual, mas deve também atingir o nível estrutural, transformar as circunstancias e situações que impedem a justiça e o amor, criar condições melhores de vida.
A prática, portanto, é uma