ontexto clínico Estudos recentes apontam que a espiritualidade e a religiosidade podem ser fatores importantes nas reações de enfrentamento e ajustamento de pacientes frente a doenças oncológicas. Neste contexto, o enfrentamento da doença através da religiosidade pode oferecer maior sensação de significado, de conforto e de autocontrole, conforme mostram alguns estudos. Este enfrentamento pode acontecer de diversas maneiras, e se refere a como um paciente utiliza a suas crenças religiosas para entender e se adaptar ao estresse. O enfrentamento religioso é chamado positivo quando a fé promove uma adaptação considerada saudável. Em geral, este tipo de enfrentamento está apoiado em crenças de amor e acolhimento relacionados a Deus, e está associado à melhor adaptação psicológica frente ao estresse de doenças graves. Uma reação de enfrentamento religioso é caracterizada como negativa quando gera uma crise existencial e, em geral, está relacionada a crenças da doença como culpa ou punição. Este tipo de reação é menos frequente do que a reação positiva, e foi correlacionada a psicopatologia em outros estudos. Além do papel na adaptação à doença, a religiosidade pode influenciar também as decisões médicas. Em um estudo recente, a fé foi citada por pacientes como o segundo fator mais importante que influencia as decisões terapêuticas, sendo o primeiro a recomendação do oncologista. A religiosidade e o enfrentamento da doença através da religião também foram associados à maior preferência dos pacientes que estão morrendo por medidas invasivas ou agressivas, como ventilação mecânica, reanimação cárdio-pulmonar assim como outras medidas heróicas. No entanto, apesar destas evidências, a influência destes fatores religiosos no cuidado de pacientes frente à morte é desconhecida.
A hipótese do estudo é de que pacientes que se utilizam fortemente da religião no enfrentamento da doença oncológica seriam mais propensos a receber tratamentos médicos agressivos