Religiao carochinha
Reza a história, bem velhinha, que havia uma Carochinha, que por ser engraçadinha, teimou que haveria de casar.
Certo dia, quando estava a varrer a cozinha, encontrou uma moeda de cinco réis e correu para ir dizer à vizinha que já não tinha de esperar.
Vaidosa como era, escolheu o seu melhor vestido e foi pôr-se à janela para ver se arranjava marido.
Pensou como deveria começar e decidiu cantar:
– Quem quer casar com a Carochinha, que é formosa e bonitinha?
– Muu…, Muu…Quero eu, quero eu! – mugiu o Boi mostrando-se muito interessado – Se casares comigo, vais andar o dia inteiro no prado…
– Que voz é essa? Com essa voz, acordavas-me a mim e aos meninos de noite! Contigo é que não quero casar! E, além disso, tenho pressa…
Como era o primeiro pretendente, não ficou desanimada e continuou a perguntar, desta vez com uma voz mais alegre e um aperto no coração.
– Quem quer casar com a Carochinha que é formosa e bonitinha?
Mal tinha acabado de dizer a última palavra, apareceu o Cão que ladrava e gania de animação.
– Ão, ão! Quero eu, quero eu! Se casares comigo, tens uma casota toda janota e comida saborosa que me dá a D. Rosa.
– Ai pobre de mim! Que alarido! – queixou-se dando um suspiro – Com essa voz, acordavas-me a mim e aos meninos de noite! Não, não me serves para marido.
Ficou a ver o Cão a afastar-se com as orelhas baixas e o rabo entre as pernas, e voltou a tentar a sua sorte.
– Quem quer casar com a Carochinha que é formosa e bonitinha?
Muito gorducho e envergonhado, aproximou-se o Porco com um rabo que mais parecia um saca-rolhas e o focinho molhado.
– Oinc! Oinc! Quero eu, quero eu! Sou muito comilão, mas também dizem que sou bonacheirão.
– És muito simpático e pareces ser divertido. Mas com essa voz, acordavas-me a mim e aos meninos de noite! Também mão me caso contigo.
Depois, encheu o peito de ar, sorriu e voltou a perguntar:
– Quem quer casar com a Carochinha que é formosa e bonitinha?Com peito inchado, penas coloridas e