Releitura do conto A Cartomante de Machado de Assis
Por: Virgínnia Sales – Twitter: @VirginniaB
Capítulo único – As cartas nunca mentem.
- Que Deus me perdoe, mas eu preciso fazer isso... – falava baixo enquanto tinha as mãos entrelaçadas sobre minhas pernas, que não paravam de tremer. Nunca tinha entrado em um lugar assim, mas Carol me encheu a paciência para que eu procurasse uma cartomante e descobrisse algo sobre meu sonho, aliás, eu precisava saber alguma coisa, estava me incomodando demais. Uma mulher passou por mim, com o semblante assustado, e foi embora, batendo a porta em seguida. Logo depois apareceu outra mulher na sala, só podia ser ela. Vestida com roupas esquisitas, rosto pintado e cheiro forte de incenso ela surgiu na sala. A cartomante. Deixou-me arrepiada da cabeça aos pés só de olhar para mim e não disse nada, apenas ergueu as mãos e me chamou com o dedo indicador. Eu me levantei e a acompanhei, seguindo-a até uma sala mais esquisita que ela; tão esquisita que parecia ter saído de um filme de terror.
- Você e seu marido são ricos, possuem uma grande fortuna. – Mas que interessante... Ela viu isso na sua bola de cristal ou em algum jornal que a gente já tinha saído?
- Não duvide do que eu sou capaz. – Ela sorriu e eu quase comecei a correr.
- Você teve um sonho que está te incomodando muito... – ela desviou o olhar de mim para as cartas. – Escolha uma.
Ergui minha mão direita, apontei uma das cartas e ela a virou.
– A morte. – Juro que pude sentir um vento frio preencher aquela sala e arrepiar-me da cabeça aos pés, ela me olhou. - A carta da morte mostra que mudanças involuntárias irão ocorrer e que não se deve tentar impedi-las, pelo contrário, deve-se aceitá-las.
- Aceitar mudanças? Não impedi-las? Mas que merda é essa?
- Sua sessão acabou, querida.
- Você é louca, você me fala uma coisa dessas e – Ela me cortou.
– Por favor, vá embora. O que vai acontecer na sua vida daqui pra frente cabe a você resolver.
- Você está me jogando uma praga, é isso?!
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