Relações Internacionais
Introdução
Desde a Independência do Brasil até os dias atuais, a atuação da política externa
brasileira repousa no paradigma segundo o qual o ambiente externo tem papel fundamental
na promoção do desenvolvimento econômico nacional. Nesse sentido, Vigevani e Cepaluni
(2007, p.276) consideram a questão da autonomia política brasileira no sistema internacional
como eixo central do debate sobre as prioridades da política externa. Tal autonomia se refere
à capacidade de barganha de um Estado no sistema internacional, ou seja, à capacidade de
manobra que possui um país para impor seus interesses perante os demais.
Assim, em cada administração governamental verificam-se diferentes percepções
sobre o sistema internacional, gerando distintas estratégias de inserção. Trataremos, neste
trabalho, de questões ligadas à administração Lula da Silva, de 2003 a 2010.
Vigevani e Cepaluni (2007, p.282) afirmam que, ao assumir o poder, Lula da Silva
“[...] procurou inserir o Brasil no cenário mundial acentuando formas autônomas,
diversificando os parceiros e as opções estratégicas brasileiras.[...]”. E ainda,
Lula da Silva utiliza uma estratégia que poderia ser batizada de “autonomia pela
diversificação”, enfatizando a cooperação Sul-Sul para buscar maior equilíbrio com
os países do Norte, realizando ajustes, aumentando o protagonismo internacional
do país e consolidando mudanças de programa na política externa. (VIGEVANI e
CEPALUNI, 2007, p.283)
Com relação às percepções que motivaram uma diferente postura durante a
administração Lula da Silva, Pecequilo (2008, p.143-144) identifica duas como fundamentais:
i) “[...] percepção de fraqueza substituída por uma reavaliação do papel do Brasil como
potência média e nação emergente que precisa de uma diplomacia de alto perfil adequada
a