Relações de poder na escola
Faculdade de Letras
As relações de poder na escola: alguns pontos importantes.
A escola é uma importante instituição social, que pode tanto estar associada à manutenção do status quo, quanto a transformações sociais. Nesse contexto, o espaço escolar é marcado por uma série de relações de poder que não são apenas verticais, Estado-escola, mas sim horizontais, aluno-professor; professor-instituição; aluno-instituição. Como um espaço fundamental de formação da subjetividade, a escola procura definir o sujeito por meio tanto dessas relações de poder quanto por sua proposta pedagógica, a qual também está inserida numa gama de diferentes interesses.
Segundo Dominique Julia, em seu estudo sobre cultura escolar como objeto da historiografia, a escola possui um histórico que não difere muito daquele de outras instituições sociais, como as prisões e os manicômios. Para o autor, a comunidade escolar não é apenas um ambiente de transmissão de conhecimento, mas também um local de “inculcação de comportamentos e habitus” (JULIA, 2001, p. 14). Essa lógica de imposição sofre resistência entre os alunos e a comunidade ao redor da escola, pois desde sempre “todos sabem que os professores não conhecem tudo o que se passa nos pátios de recreio, que existe, há séculos, um folclore obsceno das crianças” (JULIA, 2001, p. 30).
Deste modo, percebe-se que à instituição escolar são inerentes os mecanismos de poder e controle, os quais são refletidos na cultura e nos saberes propagados, que muitas vezes estão distantes da realidade dos discentes e de sua comunidade. Os critérios de hierarquização e legitimação presentes na sociedade são reproduzidos na organização escolar. Segundo Bourdieu, a escola não leva em conta a diversidade sócio-cultural e privilegia, tanto no âmbito teórico quanto prático, as expressões e os valores culturais das classes dominantes, o que favorece os jovens que já possuem o chamado “capital cultural”1.
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