Relação jornalista e fonte
O Jornalismo Científico e o compromisso das fontes
Wilson da Costa Bueno*
A experiência ensina que toda fonte tem os seus compromissos, sejam eles comerciais, políticos, ideológicos ou mesmo pessoais. O bom jornalista parte sempre desse pressuposto básico, quando se defronta com uma fonte , valendo-se de alguns recursos ou estratégias para qualificar a informação que ela lhe oferece. Em primeiro lugar, identifica a fonte previamente, buscando avaliar sua trajetória, suas relações, seus interesses, suas posições anteriores etc. Em segundo lugar, coteja-a com outras fontes para evitar o risco de prender-se a um única voz, a uma única versão.
Finalmente, contextualiza as informações, tendo em vista o tema ou a pauta específica de que está tratando.
Ao que parece, esta lição de vida não tem sido seguida à risca no Jornalismo Científico. Algumas justificativas para esta displicência, equívoco ou omissão podem ser apontadas, como a falta de capacitação do profissional que cobre ciência e a tecnologia (vamos admitir que a situação tem melhorado bastante nos últimos anos), a relação desequilibrada entre o repórter e a fonte (afinal de contas, o especialista é o outro!) e a aceleração do processo de produção jornalística, que atropela a coleta e a "checagem" das informações.
Podemos apontar, no entanto, um outro motivo, que nos parece fundamental e que está subjacente à prática do jornalismo científico: a aparente neutralidade da fonte.
Isso mesmo: o jornalista, ao se deparar com um pesquisador, um cientista, ou um técnico, costuma pressupor que, neste ambiente especializado, as falas e as intenções são isentas, ou seja, não há porque manter-se em vigília. A postura tem a ver com a própria imagem da ciência, como uma atividade humana nobre, comprometida com o progresso e o bem estar da coletividade. O especialista, como porta-voz da ciência e da tecnologia, estaria, portanto, para quem