Relação entre Bauman e Sennett
No livro “A corrosão do caráter – consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo”, Richard Sennett procura dizer que hoje vivemos em uma espécie de “capitalismo flexível”, onde os trabalhadores precisam de extrema agilidade para o cumprimento dos compromissos, além de aceitar certas mudanças impostas pela empresa rapidamente, e assumir os riscos para com o trabalho desenvolvido. Assim, as pessoas passam a depender cada vez menos das formalidades impostas pela sociedade.
Para o autor, esse novo modelo de capitalismo possui aspectos positivos e negativos. Segundo ele, as pessoas começam a ter maior autonomia para moldar a vida, mas ao mesmo tempo acabam marcadas pela ansiedade e a incerteza sobre o futuro no mercado.
Durante a obra, Sennett ainda conta a história de Rico que, ao contrário do seu pai, fez parte do capitalismo flexível. Apesar de ser mais bem sucedido no aspecto econômico que Enrico, Rico trabalhava demais, até pelo dinamismo exigido nos dias de hoje, e deixava de lado fatores importantes na vida do ser humano, como a família e vida social, fato que provoca uma espécie de corrosão do caráter do cidadão.
Agora, em relação à rotina, o autor faz uma comparação interessante. Antes, os trabalhadores se encarregavam sempre das mesmas tarefas, ou seja, não tinham grandes perspectivas de crescimento. Hoje, apesar de trabalharem mais, o mercado obriga o profissional a estar em constante aprendizado, o que proporciona um maior leque de opção de trabalho.
Há uma série de relações entre o texto de Sennett e de Zygmunt Bauman, denominado de “Vida de consumo”. Em sua obra, o sociólogo polonês disse que com o tempo as pessoas passaram a ser tratadas como mercadoria. E, com o “capitalismo flexível” citado por Sennett, é exatamente isso que ocorre. O trabalhador passa a ser uma pessoa que “vive” pelo trabalho, deixando de lado aspectos importantes da vida, que com o tempo