Relatorios
31/5/1999 Historiadora da psicanálise, a professora francesa aponta para o perigo iminente da destruição do saber psiquiátrico tradicional pelo cientificismo exacerbado que tende a tratar os pacientes de forma generalizada
Paulo Markun: Boa noite. Ela é a historiadora da psicanálise e a biógrafa de um dos expoentes dessa polêmica ciência do século 20, Jacques Lacan. No centro do Roda Viva esta noite, a historiadora e psicanalista francesa Elisabeth Roudinesco. Para entrevistar a professora Elisabeth, nós convidamos: a jornalista Mônica Teixeira, da TV Cultura de São Paulo; o professor Arthur Nestrovski, da Universidade Católica e articulista do jornal Folha de S. Paulo; o historiador Carlos Guilherme Mota, da Universidade de São Paulo e da Universidade Presbiteriana Mackenzie; a socióloga e psicanalista Caterina Koltai, da Universidade Católica de São Paulo; o psicanalista Renato Mezan, do Instituto Sedes Sapientiae e da Universidade Católica de São Paulo; o psiquiatra e psicanalista Mário Eduardo da Costa Pereira, da Universidade de Campinas, e o psicanalista Luiz Tenório de Oliveira Lima, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Bem, você não poderá fazer perguntas, porque como a professora Roudinesco só fala francês este programa foi gravado e assim você tem a oportunidade de conhecer melhor o pensamento dela com a ajuda de legendas, o que é sempre muito bom. Boa noite. Elisabeth Roudinesco: Boa noite. Paulo Markun: E minha primeira pergunta é a seguinte: há uma frase que, se eu não estou enganado, é de Lacan que diz que a história humana é a história dos desejos desejados. É mesmo de Lacan esta frase? Elisabeth Roudinesco: Uma frase de Lacan? Sim. Paulo Markun: Muito bem. Então, a pergunta é a seguinte: na opinião da senhora, qual é o desejo desejado da humanidade neste final de século? Elisabeth Roudinesco: É uma pergunta difícil. Paulo Markun: É para começar, um bom começo. Elisabeth Roudinesco: Sinto um