relatorio
12 Anos de Escravidão chega aos cinemas aproximadamente 126 após a abolição da escravatura no Brasil, que ocorreu com a Lei Áurea de 1888. Os Estados Unidos acabaram com a escravidão algumas décadas antes, em 1863, mas em um processo bem mais conflituoso, que gerou uma guerra que dividiu o país. 1863 e 1888... faz tanto tempo que era de se esperar que o racismo não fosse um problema ainda tão presente em nossa sociedade.
Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) é um negro liberto que vive com a família no norte dos EUA. Ele é um músico respeitado e vive normalmente. Determinado dia, é trapaceado por parceiros de trabalho e levado ao sul, onde é vendido como escravo.
Após realizar o brilhante Shame, Steve McQueen investe em um épico histórico e volta a se sair bem. Ele deixa de lado a fotografia sóbria e cinzenta, que representavam o espírito do personagem de Michael Fassbender, para investir em tomadas mais quentes, fruto do clima no sul dos Estados Unidos e também da situação de desespero do protagonista.
Parceiro de longa data do diretor, Sean Bobbitt realiza mais um grande trabalho na fotografia. É angustiante a forma como investe em planos detalhes, aproximando a câmera de objetos e partes do corpo dos personagens. Ao mesmo tempo em que a técnica prende a atenção em um momento em que as mãos de Solomon tocam um violino, causa impacto ao retratar as chibatadas recebidas pelo mesmo.
Em alguns momentos, o longa cai em estereótipos ao retratar o homem branco do norte como progressivo e atencioso e o do sul como a caricatura do diabo, mas mesmo isso é solucionado com a presença de personagens mais complexos, como o de Benedict Cumberbatch, um senhor de escravos mais acolhedor e menos repressor. Sua presença, no entanto, acaba sendo bastante questionadora. Sim, ele não possui prazer em torturar seus escravos e até demonstra um pouco de carinho com Solomon, mas não deixa de tratá-lo como mercadoria. Neste