Relatorio trabalho informal
Diferentemente do que eu acreditava, a maior parte dos trabalhadores viam seu exercício como algo permanente, sendo por vezes, a única fonte de renda de suas famílias. Uma exceção a esse caso fora o Seu José, de 46 anos, que considera apenas como passageira esta profissão: “Isto é temporário. Mais um ou dois anos eu volto a procurar um emprego legal.” , afirmou Seu José, que ainda sonha em abrir o seu próprio negócio.
Essa com certeza foi outra característica que marcou presença em todos os entrevistados. O desejo de abrir o seu negocio próprio. Todos os entrevistados já tiveram um emprego anterior em que trabalhavam para outrem. “Larguei aquilo, quero ser dona do meu próprio nariz.” disse Dona Maria de Lourdes, uma senhora de 61 anos que vê sua profissão como algo permanente.
Como já previa, a ilegalidade é o ponto negativo mais significante para os trabalhadores. O “rapa”, como eles chamam a polícia responsável pela fiscalização das ruas cariocas, não tem hora nem dia para aparecer. Como disse a Dona Maria de Lourdes: “Já tem que estar tudo no esquema pra ir embora. Apareceu o “rapa”, a gente desaparece.”. Há ainda aqueles que não precisam fugir, pois já tem um “acordo” com os policiais, que ao receberem a propina, permitem a permanência dos mesmos nas ruas.
Particularmente, tal trabalho de campo introduzido pela professora foi amplamente enriquecedor para a minha noção social dos trabalhadores informais. Admito que fui a campo com um “pé atrás”, carregando um pouco de preconceito comigo. Porém, ao saber da historia da vida de vários ambulantes, e as causas que os levaram a estar ali mudaram completamente meu conceito sobre tal exercício.