Relato de Acidente
No quintal da casa de Selma Gomes de Barros não há mais flores. Quem a ajudava a cuidar do jardim, regando e podando as plantas, era seu filho Adolfo Barros dos Santos. Na manhã do dia 26 de julho de 2003, o jovem de 19 anos tomou o café da manhã preparado pela mãe, como de costume, saiu de sua casa, no município Fluminense de Belford Roxo, para trabalhar, mas não retomou. Adolfo morreu afogado após entrar na caixa d'água de um laboratório farmacêutico, com 30 metros de profundidade, para limpá-la, acreditando que estava vazia. O rapaz não sabia nadar e estava sem equipamentos de proteção necessários para desempenhar a atividade. Sequer havia sido treinado para isso, pois fora contratado para exercer funções administrativas por uma empresa especializada na limpeza e desinfecção de reservatórios de água.
Aquele era o primeiro emprego de Adolfo e ele estava entusiasmado quando começou a trabalhar, apenas dois meses antes do acidente. Para a mãe, a perda do filho é irreparável. O único caminho possível para tentar superar a dor pela ausência de Adolfo foi buscar a Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro.
A empresa especializada na limpeza de reservatórios e o laboratório, respectivamente empregadora e tomador dos serviços, foram condenados solidariamente pela 53ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro. Para a juíza do Trabalho Juliana Ribeiro Castelejo Branco, que proferiu a sentença, a finalidade da indenização é também pedagógica. "A Justiça não quer apenas punir a empresa, mas evitar que isso aconteça de novo. É preciso deixar claro para o empregador que investir em prevenção e em segurança do trabalho é mais barato do que reparar um dano. E esse é um dano que não tem reparação", afirmou a magistrada.
A empregadora apresentou recurso fora do prazo, motivo pelo qual foi recusado. No processo ficou comprovado que ela não realizava cursos preparatórios para que os empregados