Relato Conciência negra
Caçara nóis como se fosse bicho lá na África, viemo nos navio negrero, tudo apertado, mais nóis tava junto eu e minha mulher e meus três filho. Viemo acorrentado e uns outro amordaçado tamém; quando chegamo no porto, bastante da gente tinha morrido de doença, peste, fome e sede lá no navio e os corpo jogado no mar. Achei que tava aliviado mai quando eu vi, tavam levano minha mulher e meus filho pra outra banda, longe de mim, outro dono de fazenda. Sem pode grita, luta ou chora, morri por dentro. Fui pra um cafezá grande junto com outros irmãos, dormia a noite no chão frio da senzala, nóis tudo amontoado, sem quase oque come se bem que nóis era alimentado pela saudade doída da família e da liberdade perdida, e pelas lágrima no silêncio da noite com medo do capitão do mato e os seus capanga. Das veiz jogavam uns resto de bicho e nóis juntava pra cozinha e faze uma comida mió, cantava na hora da colheita pa espanta a tristeza, que gozado, eu olhava pra aqueles grão de café pretinho igua eu e me sentia mai pequeno que ele. Muitas veiz eu e os meu irmão tentamo fugi e não foi pouca as veiz que nóis apanhamo no tronco inté desmaia, si urinava e cagava tudo de dor, e num podia toma banho, as ferida sarava ou nóis morria. Quanta das veiz eu pedia era a morte pra alivia tudo, pra mim já tava a vida acabada e perdida. Foi qunado uma ponta de esperança chegou inté nóis, os quilombo, falaro que muitos negro tava fugino pra lá, e a esperança vorto, e vorto no nome de líder, no nome de um irmão preto nosso, vorto no nome de Zumbi dos Palmares.