Relativismo Cultural
(racismo, evolucionismo cultural etc.) são ideologias (consciência falsa e falsa ciência), o relativismo cultural pertence à esfera da ciência. Por um lado, é resultado de muita pesquisa: surgiu depois que a antropologia adotou como método a observação participante; quando quis ir além da etnografia descritiva e da etnologia histórica e comparativa e tratou de compreender, isto é, de 16
produzir conceitos, construir modelos que dessem conta da diversidade das sociedades e culturas. Não foi pura coincidência que outras ciências do homem que então se estabeleciam (lingüística, psicanálise, análise marxista das formações sociais) tivessem atitude análoga na abordagem dessas “totalidades complexas”, cujas articulações, sintaxe, significação tratavam de detectar. Cada época tem suas
“revoluções científicas”, suas “rupturas epistemológicas”, deslocando a problemática e exigindo nova metodologia que corresponda aos objetos novos que a teoria define. Por outro lado, o relativismo cultural é teoria: instrumento de análise e meio de produção de conhecimentos, que, aplicando-se a outros conhecimentos
(etnográficos, históricos, etnológicos), produz conhecimentos novos, fazendo avançar a ciência como tarefa humana jamais concluída, de tornar inteligível a totalidade do real. Podem também chamar, se preferem, o relativismo cultural de hipótese de trabalho fecunda, um pressuposto ou postulado de base. Depois de
Popper, isso não tem quase importância. Nem por isso deixa de ser um ponto de partida teórico, donde se formula a problemática e o objeto é pensável. Essa “teoria geral da relatividade das culturas” modificou nosso olhar sobre as sociedades, como a relatividade de Einstein nos fez ver de modo novo a natureza física. A noção de relativismo cultural abrange três significados
a) Todo e qualquer elemento de uma