RELAT RIO FINAL PARDAL
Ricardo Carrilho Neves Lopes, Biologia de Campo (TP2), Junho 2015
Universidade de Coimbra, FCTUC, Biologia
INTRODUÇÃO
Um estuário trata-se de uma zona de transição entre a água salgada e a água doce. Pritchard, em 1967, definiu estas zonas como um corpo de água semi-fechado, que comunica livremente com o mar aberto, e, no seu interior, a água salgada é diluída pela água doce proveniente da drenagem continental. O fluxo contínuo de água salgada e água doce torna os estuários muito ricos em nutrientes, quer na coluna de água, quer no substrato, fazendo com que sejam considerados regiões de elevada produtividade biológica. Para além disso, os estuários são importantes locais de reprodução para diversas espécies de peixes, como o salmão ou a truta (Gillanders, B. et al., 2003), e locais muito apreciados por espécies de aves migratórias, como o maçarico-de-bico-direito (Jennifer A. Gill et al., 2001).
As zonas estuarinas são muito influenciadas pelas marés e, como tal, apresentam fortes gradientes ambientais, nomeadamente gradientes de salinidade, de profundidade, de pH e mesmo dos tipos e composições de substratos (Elliott & McLusky, 2002). Quanto a esta última variável, um dos fatores mais determinantes na biodiversidade em zonas estuarinas, existem dois tipos principais: o arenoso e o vasoso. O primeiro é constituído por mais de 90% de areia (partículas de diâmetro entre 0,0625mm e 2mm), enquanto o segundo é composto por areia (50-90%) e o restante é lama, com partículas de diâmetro inferior a 0,0625mm. De referir também que os estuários, para além da sua importância biológica nas mais diversas espécies, têm uma grande relevância para o Homem: são zonas com potencial para criação de salinas, de sistemas de aquacultura, pesca e são ainda locais preferenciais para a instalação de cidades e de portos. No entanto, algumas atividades humanas, como a poluição ou a pesca excessiva,