Região e regionalização
Do verbo latino regere, a palavra região significa governar, exercer o poder. O substantivo regio, no antigo Império Romano designava área sobre a qual um determinado poder era exercido. A região era uma construção política.
Para Paul Vidal de La Blache (1845-1918), a região é destituída de sua dimensão política, se transfigurando em construção natural e a-histórica. O método da Geografia constituiria em identificá-las e descreve-las o mais exaustivamente possível. De acordo com Yves Lacoste, essa concepção de região ofusca outras abordagens escalares e empobrece a análise geográfica:
“Essa maneira de recortar a priori o espaço num certo número de ‘regiões’, das quais só se deve constatar a existência, essa forma de ocultar todas as demais configurações espaciais, às vezes bastante usuais, foram difundidas, com um enorme sucesso de opinião, através de manuais escolares e também da literatura e pela mídia” (LACOSTE, 1993, p. 54).
Com a finalidade de subsidiar a ação planejadora do Estado sobre o território brasileiro, foi criado em 1937 o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, onde uma de suas principais atribuições era de realizar censos demográficos e econômicos e o mapeamento sistemático do Brasil. Com o intuito de organizar a divulgação de dados estatísticos e sistematizar as propostas de divisão regional, já existentes antes de sua criação, o IBGE apresentou em 1942, a primeira regionalização oficial do território brasileiro, as regiões Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste. Baseando no conceito de região natural, o IBGE em 1945 apresentou outra proposta. Por meio do estudo das influências recíprocas entre os diferentes fatores naturais, principalmente o clima, vegetação e relevo, foram identificados seis grandes regiões no território brasileiro. Considerados mais estáveis e permanentes, os fatores naturais foram mais adequados para servir de base à divisão regional, como explica o geógrafo do IBGE, Fábio