Registro reflexivo sobre as contribuições e interações psicopedagógicas na dinâmica das relações familiares
PSICOPEDAGÓGICAS NA DINÂMICA DAS RELAÇÕES FAMILIARES
Maria Raimunda Neri∗
Pensar a família é pensá-la no tempo, no decorrer de seu percurso de vida. Ela não está cristalizada em uma etapa ou momento da vida. Não se trata de idealizar a família, pois ela pode ou não ser um lugar seguro. A vida familiar desde a Idade Média até o início do Renascimento foi caracterizada pela não separação entre o espaço público e o espaço privado. Os reis, por exemplo, não usufruíam de privacidade nem tinham esse direito, pois a vida do reino e dos súditos estava extremamente ligada à vida do soberano. E, embora houvesse aposentos separados para Reis e Rainhas, esses dormiam com damas de companhia e súditos de confiança, que faziam parte da corte. Seus filhos, os sucessores, eram criados por aias e tutores e viviam distante da corte, até que pudessem frequentá-la. Para as famílias, nobres ou plebéias, quase não havia diferentes espaços de intimidade no interior da casa e o trânsito entre a casa e a rua era bastante aberto. No interior da casa os mesmos espaços eram utilizados para comer, dormir, trabalhar e brincar, sendo também mais difusas as diferenças e limites entre a infância e a vida adulta.
Tipificação das famílias
A família tradicional ou família nuclear é um fenômeno histórico ligado à ascensão da burguesia, a partir do séc. XVI, na Europa. É formada pelo casal heterossexual com papéis e funções sociais definidos e diferentes entre si. O homem – provedor econômico, autoridade central – é o representante da família junto à sociedade. Seu local de atividade é a esfera pública. Já a mulher é a
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Aluna do curso de pós graduação de Psicopedagogia Institucional
responsável pelos afazeres domésticos e pela educação dos filhos – seu espaço principal de atividade e circulação é a esfera doméstica e privada. Com estas atividades definidas e bem demarcadas, o casal passa a ser o responsável pela criação dos