O filme “Bicho de Sete Cabeças” é bastante forte e dramático, por sua realidade mostrada no decorrer do filme, sendo baseado em uma história real apontando o que acontece verdadeiramente nos hospícios manicomiais com uma transparência que parece documentário e não filme. São exibidas cenas cruéis, de violência desumana, sendo possível observar claramente o impacto do mau uso da medicina manicomial nos tratamentos psiquiátricos. Neto, personagem de Rodrigo Santoro, vive o sofrimento de ter sido internado em um hospital psiquiátrico por seu pai, que o julga e o rejeita pelo seu suposto envolvimento com drogas, após encontrar um cigarro de maconha em suas coisas. O pai conservador e ignorante e uma mãe submissa, que não procuram em nenhum momento dialogar com o rapaz, nem tentam compreender as mudanças que passam na cabeça do filho numa fase tão conturbada como a adolescência, onde muitos adolescentes apresentam um comportamento rebelde, reforçado pelo fato de procurar aceitação e identificação por um grupo de amigos do qual faz parte, influenciando-o muitas vezes a utilizar bebidas alcoólicas, pichar muros e ter atitudes de confronto com o pai, Neto não encontra apoio algum no âmbito familiar. Sem preparo, nem informação alguma o jovem é simplesmente deixado pelo pai nesse manicômio, onde é tratado de maneira agressiva e desumana. Os familiares que com “boas intenções” viram cúmplices do hospício e deu suas torturas cruéis, só tirando o Neto de lá quando já era tarde. A violência dos enfermeiros, que usam todos os recursos do hospício para impossibilitar o paciente de aparentar alguma melhora, desde a antiga camisa de força, o quarto “forte” e o eletrochoque. Entre internações e tentativas de se reestabelecer e reintegrar à sociedade, Neto passa por diversas situações, convivendo no seu dia-a-dia com o preconceito, os medos, a insegurança e as seqüelas causadas pelos intensos e absurdos tratamentos utilizados na tentativa de ser “salvo”.
Essa realidade,