Reflexões sobre o serviço social e o
PROJETO ÉTICO-POLÍTICO PROFISSIONAL[1]
RESUMO: Trato, neste artigo, das relações entre o Serviço Social e o seu projeto ético-político. Partindo de uma concepção sócio-histórica, analiso a profissão e o projeto como construções sociais em contextos históricos determinados. Situo os alicerces fundantes do projeto e explicito suas relações com os projetos societários, bem como ressalto a importância da qualificação e empenho dos profissionais no sentido da consolidação do projeto ético-político.
PALAVRAS-CHAVE: Serviço Social, projeto ético-político, construção coletiva.
Introdução
Muito prazer, sou assistente social.
Há várias perspectivas a partir das quais a temática do projeto ético-político profissional pode ser abordada. Neste artigo optei por fazê-lo de modo teórico-prático, ancorando minhas reflexões no próprio exercício profissional cotidiano, à luz da categoria identidade.
Como sou assistente social há várias décadas, é com esta profissão que venho atravessando a vida e construindo a minha história. Com ela realmente me construí, pois é uma profissão que traz muitos desafios, mas traz também muito retorno. Assim como os ferroviários ingleses responderam ao historiador Edward Thompson (1948, p. 36), quando perguntados sobre a árdua tarefa de construir ferrovias: “nós construímos a ferrovia, mas ela também nos construiu”, posso, com convicção, afirmar que contribuí muito para a construção do Serviço Social, mas ele também me construiu. Profissionalmente, como assistentes sociais, somos colocados muito próximos daquilo que é essencial na nossa vida, que é a possibilidade da construção coletiva e da intervenção no próprio tecido social.
Somos profissionais que chegamos o mais próximo possível da vida cotidiana das pessoas com as quais trabalhamos. Poucas profissões conseguem chegar tão perto deste limite como nós. É, portanto,