reflexão ´´ o cafundó``
1. O filme traz para nós brasileiro a certeza de que o processo de liberdade e de religiosidade, tem alicerces sólidos, firmados no respeito as ancestralidades africanas, no respeito ao Exu, no chamado rito barú, antes de celebrarmos a nossa gloria ao senhor. O então jovem João Camargo é levado por falta de opção a se alistar e participar de uma guerra ao lado dos republicanos. Nesse período conheceu as inovações tecnológicas da época, como os trens, além da cidade grande. João Camargo bem que tentou arrumar emprego, mas não conseguiu. Passava as noites bebendo na companhia de um amigo.Foi nesse período que João conheceu Rosário, por quem se apaixonou e se casou. Eu fico imaginando como é que deve ter sido a barra em termos de pressão social para um casal formado por um homem negro e uma mulher branca. O problema é que Rosário não conseguia se resguardar dos prazeres carnais, fato que culminou com a separação do casal. Daí em diante, João Camargo direciona a sua vida para a criação da Igreja da Àgua Vermelha. As alucinações o impulsionaram na sua luta para a criação de uma Igreja que conservava influências africanas na sua base, adicionando algumas características do catolicismo.
2. Enfocando nesse contexto histórico a vida de João de Camargo, personalidade negra liberta ainda na juventude, o filme oferece o retrato do ser negro na época em questão, exibindo o Brasil de uma República incipiente, na qual os poderes constituídos, como ainda hoje acontece, talvez em menor expressão, não alcançam o país de fato, permitindo, assim, a ocupação do espaço público pelas mais diversas formas de assistencialismo coletivo de índole não estatal. Nesse quadro, ganha espaço a religião nacional com as formas pagãs em franca ebulição, magistralmente exploradas pela personagem principal da película. João de Camargo não chegou a ocupar o espaço de um Antônio Conselheiro, razão provavelmente