Reflexão sobre o texto de Márcia Angell: A epidemia de doença mental.
É assustador o aumento da quantidade de pessoas diagnosticadas com algum transtorno mental nos Estado Unidos. Apoiados na teoria de que a doença mental é causada por um desequilíbrio químico no cérebro, o tratamento das doenças mentais pelos psiquiatras quase sempre implica no uso de medicamentos que afetam o estado mental.
Não é à toa que a teoria de que a doença mental era causada por uma deficiência na concentração de neurotransmissores surgiu da descoberta do efeito dos psicotrópicos nos neurotransmissores, substâncias responsáveis pela comunicação entre neurônios. Os psiquiatras precisavam se apoiar em um argumento de origem biológica para fundamentar os seus discursos. Após a chegada do Prozac, medicamento que corrigia a deficiência de seratonina no cérebro, essa teoria ganhou ainda mais força. O número de pessoas tratadas com antidepressivos aumentou e os psicotrópicos surgidos a partir daí, foram os remédios mais vendidos nos Estados Unidos. Mas o principal objetivo na criação desses remédios, a princípio, não era para tratar doença mental, mas para combater infecção e descobriu-se, pelo efeito colateral do remédio, que ele alterava o estado mental afetando certas substâncias químicas no cérebro. Sendo usado a partir daí com o propósito de correção de seratonina.
Embora o uso de psicotrópicos aumente, não há evidências válidas que demonstre que o que os psiquiatras chamam de doenças mentais são causadas por desequilíbrios químicos no cérebro. Estudos apontam que antes da medicação, a função dos neurotransmissores parecem normais, sendo assim, não podendo ser esta a causa da doença. No entanto, após a medicalização, há uma anormalidade no funcionamento do cérebro desses pacientes. A conseqüência disto é que doenças mentais antes consideradas com episódicas, durando não mais de 6 meses, sendo intercalados por longos períodos de normalidade, agora, com o uso de medicamentos