Reflexão sobre a educação dos filhos
Certo dia, chegando à escola onde trabalho, presenciei uma cena que me incomodou. Uma criança possivelmente de dois a três anos de idade, não aceitava que o pai sentasse na cadeira ao lado da mãe, e com uma garganta muito afiada gritava chamando a atenção de todo mundo, fazendo uma grande birra. Até que a mãe mandou que o marido se levantasse e a criança se calou. Enquanto isso a cadeira ficou vazia e o pai em pé, até o termino da reunião.
Parece simples, mas o final da cena muito me preocupou. E ai pergunto? Porque a grande maioria dos pais não consegue dizer não a seus filhos?
Porque crianças tão prematuras manipulam cada vez mais o contexto familiar?
Parece-me que para muitos pais frustrar momentaneamente os filhos é sinônimo de fazê-los infelizes. Será que satisfazer os desejos dos filhos, fazê-los sorrir é sinal de felicidade?
Será que é papel dos pais “dar” felicidade ou ser alguém responsável pela felicidade dos filhos? Por que será que é tão difícil estabelecer limites aos filhos mesmo ainda bebês?
Pergunto: Será que essa mãe que tirou o pai da cadeira, para satisfazer o desejo do filho, vai conseguir livrá-lo das drogas, aos onze, doze anos?
Será que satisfazer o desejo do filho, dar presente em exagero, roupas, sapatos, os fará felizes? Será que a criança sorrir quando ganha mais um brinquedo é sinal de felicidade?
Porque será que diante de um fracasso escolar, os pais presenteiam seus filhos, com professores particulares, para reforçarem o assunto e na véspera da prova telefonam para a escola para dizer que o coitadinho está queimando de febre e não poderá comparecer?
Ver o filho chorar, espernear, ficar emburrado, triste, de cara fechada após ter um pedido negado, pode ser dolorido demais para alguns pais que se sentem causadores de dor ou tristeza.
Dizer não, colocar limites, apresentar a realidade, para os filhos parece ser dramático demais para aqueles pais que acreditam que “dão” felicidades.