Reflexão da estetica
A Estética nasce no século XVIII, no entanto, toda a reflexão filosófica comporta implicações da ordem da teoria da arte. É por isso legítimo indagar o modo como à filosofia pensou a arte ao longo de toda a sua história, buscando aí os instrumentos conceituais que nos possam permitir compreender de um modo atual a prática de criação e recepção artísticas. Enquanto Teoria da Arte, a Estética define-se historicamente como uma tentativa de produzir um quadro conceitual pertinente para a compreensão do domínio particular da experiência que culturalmente designamos por arte.
Nenhuma relação de compreensão é neutro, e tão pouco a relação da filosofia com a arte o é. A par com a tentativa de compreensão, a filosofia da arte operou um condicionamento ativo da noção de arte e da prática artística, moldando-as a um dever-ser que respondia, antes do mais, aos seus próprios interesses. Nesta medida, a relação da filosofia com a arte é atravessada por uma situação paradoxal: por um lado, todos os grandes pensamentos filosóficos integram implícita ou explicitamente reflexões ao nível da Teoria da Arte; por outro, o reconhecimento da importância da criação e experiência da arte não se traduz historicamente por um reconhecimento do direito à autonomia da própria arte, mas pela tentativa de reconduzir o discurso da arte aos termos estabelecidos pelo discurso da filosofia. Esta é uma relação a vários títulos problemática, existindo de um lado e do outro uma simultânea relação de desconfiança e de atração que torna infrutífera a tentativa de definir fronteiras rígidas entre os dois domínios.
No entanto, parte importante da reflexão filosófica relativa à arte consistiu na tentativa de demarcar a prática e os critérios de verdade da filosofia da prática e dos valores de índole artística. A pretensão de demarcação de fronteiras rígidas entre a atividade de reflexão conceitual e a de criação artística terá visado salvaguardar uma noção de