Referencias bibliograficas
Conversas não devem ser prefaciadas. As conversas que se seguem são conversas mesmo, longe da seriedade acadêmica, um esforço para ver as coisas através da honestidade do riso. O riso é o lado de trás e de baixo, é só por isso que ele tem uma função filosófica e moral. O riso obriga o corpo à honestidade, rimos sem querer, contra a vontade.
No humor, as explicações só servem para atrapalhar. Uma anedota explicada é uma anedota que perdeu a graça. O riso brota do prazer da surpresa.
ALVES, Rubens. Sobre Jequitibás e Eucaliptos In “Conversas Com Quem Gosta De Ensinar”. Ed Papirus. 14 ed. São Paulo, 2014.
Para lhes dizer a verdade, não sei onde meu pai arranjou aquele almanaque, velharia do século passado, e que catalogava os municípios de Minas Gerais, um a um. Lá, bem no começo, seguindo a ordem alfabética, estava Boa Esperança, terra do meu pai, o dedo indicador foi percorrendo o rol dos importantes, um a um. Até que parou, o sobrenome era o mesmo: Espírito Santo. Profissão: Tropeiro. Meu pai se consolou dizendo que, naquele tempo, tropeiro era dono de uma empresa de transportes. O fato, entretanto, é que o tropeiro desapareceu ou se meteu para além da correria do mundo civilizado.
E aí comecei a pensar sobre o destino de outras profissões que foram sumindo devagarinho. Não foi assim que aconteceu com aqueles médicos de antigamente, sem especialização, que montavam a cavalo, atendiam parto, erisipela, prisão de ventre, pneumonia, assentavam-se para o almoço, quando não ficavam para pernoitar, e depois eram padrinhos dos meninos e não tinham vergonha de acompanhar o enterro? E me lembro também do caixeiro-viajante.
Profissões e vocações são como plantas. Viceja e florescem em nichos ecológicos. Pode ser que educadores sejam confundidos com professores, da mesma forma como se pode dizer: jequitibá e eucalipto, não é tudo arvore maneira? No final, não dá