Reestruturação capitalista
O artigo que se segue é resultado de algumas reflexões e discussões desenvolvidas junto ao grupo de Pesquisa Trabalho, Organização Social e Comunitária, bem como junto ao Grupo de Pesquisa Educação, Comunidade e Movimentos Sociais acerca da intrínseca relação existente entre a reestruturação capitalista da sociedade, que tem seu início a partir da crise do modo de regulação fordista/keynesianista e o ‘ressurgir’ da Economia Solidária. O artigo se divide em três momentos. O primeiro busca tratar alguns elementos que caracterizam a o modo de regulação fordista/keynesianista que, em sua crise, a partir dos anos de 1970, abre as portas para a introdução das políticas neoliberais e a consequente precarização das relações de trabalho. O segundo momento busca trabalhar reflexões iniciais acerca da concepção de Economia Solidária bem como seu ressurgimento após o recrudescimento das consequências socioeconômicas do neoliberalismo. No último tópico, avançando em conclusões, são destacados alguns dos desafios que se colocam para o vasto campo das experiências de solidariedade na economia.
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I - A emergência da acumulação do capital e a formação do Estado territorial
Tornou-se quase que um senso comum a afirmação de que a globalização tem levado os Estado nacionais a uma crise irreversível. Até pelo muito que contem de verdade, essa afirmação precisa ser completada com uma análise prospectiva e recheada com as necessárias mediações e particularidades de caráter histórico e político. Um elemento essencial deve ser a permanente referencia ao indissociável vínculo existente entre a dinâmica do capital e o poder político. Sem a compreensão de que o Estado, tal como o mercado, é um elemento material constitutivo da dinâmica do capital, não conseguiremos escapar