redes
TÚLIO BATISTA FRANCO∗
Nós, os investigadores do conhecimento, desconhecemo-nos. E é claro: pois se nunca nos ‘procuramos’, como nos havíamos de nos ‘encontrar’
Nietzsche
Introdução
É comum observarmos nas discussões e oficinas de planejamento a proposição de que a gestão estratégica da organização deve se dar por projetos, e sua condução, por coletivos de sujeitos, muito comumente chamados de “colegiados gestores”. Uma leitura que pode ser feita desse inovador arranjo organizacional é o da ineficácia das estruturas do organograma e o reconhecimento de que a vida produtiva se organiza pelas relações ou, melhor dizendo, conexões realizadas pelas pessoas que estão em situação e se formam em linhas de fluxos horizontais por dentro das organizações. Essa forma de condução de processos se repete para todos os níveis de produção, é social e subjetivamente determinada e vai configurando uma certa micropolítica, que é entendida como o agir cotidiano dos sujeitos, na relação entre si e no cenário em que ele se encontra. Podemos observar, portanto, que na sugestão ofertada pelas propostas de planejamento que fogem da matriz normativa há o reconhecimento de que a formação de microrredes no interior da organização é eficaz para a condução dos projetos, colocando em segundo plano o funcionamento com base nas formações estruturais da organização.
Imagino que as redes na micropolítica do processo de trabalho em saúde, especialmente nos cenários de produção do cuidado, radicalizam sobre a primeira idéia de trabalho em redes dentro de uma organização. Assim, quando iniciei a reflexão sobre as redes nos serviços de saúde, fui buscar no texto que Deleuze e Guattari escreveram como introdução ao livro Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia, v. 1 (1996), que tem o título de Rizoma1, subsídios para pensar a questão. Os autores se utilizam dessa figura da botânica para se referir a sistemas abertos