redação
Copos americanos exilados
Da janela do hall do 3º andar sempre pude ver aquele bar cinzento da esquina do final da Rua França. Sempre o pude ver, exatamente, mas nunca tinha olhado efetivamente para aquele lugar. Passava de carro, via os bêbados, os semi-bêbados e os aparentemente amargurados que se sentavam nos seus degraus que davam para a calçada e quase nunca imaginava alguma coisa. Via também as inúmeras garrafas de cachaça em uma prateleira grande demais para um lugar tão pequeno, e via quase nenhum centro e nenhuma mesa de bilhar naquela esquina que foi provavelmente preenchida de paredes de concreto, azulejos e revestimento para que não sobrasse espaço entre as casas de seus lados.
Até que no mês de outubro, olho ocasionalmente para a mesma esquina, e algo, pela primeira vez, me chama atenção naquela paisagem recém desconhecida: ali, no lugar onde antes ficava um bar cinzento, com seus bêbados e semi-bêbados e aparentemente amargurados, agora rouba-lhe o lugar um bar de cor amarela, motivo de meus novos olhares à esquina do final da Rua França, todos os dias.
E hoje, ao olhar para a esquina em meu já novo hábito, vejo mais uma cor. O bar da esquina do final da Rua França é agora, definitivamente, em minhas visões, o velho bar espanhol, porque em amarelo e vermelho eu permito que os bêbados sejam ainda mais bêbados, os semi-bêbados sejam bêbados e os amargurados despedacem suas almas em formato de copos americanos, assim como Hemingway. Aline Riquena da Silva - 3E11 Fronteira é poder Fronteira é uma linha imaginária ou material que divide dois ou mais territórios. Habitualmente, representa uma ideologia daquele que a criou. É uma necessidade natural de qualquer ser vivo estabelecer limites físicos em sua zona de poder. Um animal delimita seu território através de sua urina, já o homem constrói muros ou sinaliza a região. Assim, dentro de cada zona demarcada vigoram diferentes leis e