redaçao
A segregação urbana
Análises feitas até aqui já começaram a revelar a segregação como um processo fundamental para a compreensão da estrutura espacial intra-urbana. Como a segregação adquirirá cada vez maior importância no decorrer desta obra, convém desde já considerá-la com um pouco mais de atenção.
Milton Santos (1993,96) define o conceito de sítio social observando que a especulação imobiliária deriva, em última análise, da conjugação de dois movimentos convergentes: a superposição de um sítio social ao sítio natural e a disputa entre atividades e pessoas por dada localização. (...)
Criam-se sítio sociais, uma vez que o funcionamento da sociedade urbana transforma seletivamente os lugares, afeiçoando-os às suas exigências funcionais. É assim que certos pontos se tornam mais acessíveis, certas artérias mais atrativas e, também, uns e outros, mais valorizados. Por isso são atividades mais dinâmicas que se instalam essas áreas privilegiadas; quanto aos lugares de residência, a lógica é a mesma, as pessoas de maiores recursos buscando alojar-se onde lhes pareça mais conveniente, segundo os cânones de cada época, o que também inclui a moda. É desse modo que as diversas parcelas da cidade ganham ou perdem valor ao longo do tempo. O conceito é útil tanto para a análise dos bairros residenciais produzidos as e para as burguesias, como também das áreas comerciais que elas igualmente produzem, também para si.
Uma das características mais marcantes da metrópole brasileira é a segregação espacial dos bairros residenciais das distintas classes sociais, criando-se sitio sociais muito particulares. Nas páginas precedentes fizemos referências a esse aspecto. Nos próximos capítulos vamos aprofundar a questão, analisando inicialmente a segregação dos bairros residenciais das camadas de mais alta renda.
Observando os mapas da distribuição territorial de classes sociais em nossas metrópoles (figuras 30 a 35), nota-se que a segregação das