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Terça-feira, Abril 15, 2008
Descolonização e horror em Angola
Baseado no recente livro de Américo Cardoso Botelho, Holocausto em Angola – memórias de entre o cárcere e o cemitério, Edições Vega, 2007, o artigo de
António Barreto intitulado “Angola é nossa!” (Jornal Público, 13.04.2008), dá-nos um retrato atroz do processo de descolonização de Angola. Para além da repugnância que evidentemente devem merecer tais episódios de terror, cabe perguntar: será que os actuais interesses económicos e a estratégia de cooperação com este país lusófono permitem justificar o relativo silêncio perante a atribulada e caótica descolonização, bem como perante a impunidade de que continuam gozar alguns dos responsáveis pelos factos denunciados no livro de Américo Botelho? A serem verdadeiros os crimes assinalados no livro e resumidos no artigo de A. Barreto, não haverá um meio de as organizações de defesa dos direitos humanos e de as instituições e tribunais internacionais chamarem à justiça quem os perpetrou? E que diferenças de substância existem entre R. Mugabe (tão criticado internacionalmente) e o sistema corrupto de J.
Eduardo dos Santos? Isto envergonha-nos a todos (portugueses e angolanos) e nunca é tarde de mais para reavivar a memória e pôr fim ao branqueamento de crimes com esta gravidade! «(...) O horror em Angola começou ainda durante a presença portuguesa. Em 1975, meses antes da independência, já se faziam "julgamentos populares", perante a passividade das autoridades. Num caso relatado pelo autor, eram milhares os espectadores reunidos num estádio de futebol. Sete pessoas foram acusadas de crimes e traições, sumariamente julgadas, condenadas e executadas a tiro diante de toda a gente. As forças militares portuguesas e os serviços de ordem e segurança estavam ausentes. Ou presentes como espectadores.
A impotência ou a passividade cúmplice são uma coisa. A