Reciclagem de materiais: tendências tecnológicas de um novo setor
Heloisa V. de Medina D.Sc. em Engenharia de Produção Tecnologista Sênior do CETEM 1. INTRODUÇÃO: PRODUÇÃO E USO SUSTENTÁVEL DE MATERIAIS A mais importante sinalização de tendências dos rumos do desenvolvimento tecnológico e produtivo para esse século é a tomada de consciência de que o padrão de produção e consumo dos recursos naturais não renováveis, engendrado pelo modelo de industrialização do século passado, não é mais sustentável. Quais produtos provocaram ou acentuaram o nível de degradação atual pouco importa, o que conta é que hoje já se tem noção de que os materiais produzidos a partir de recursos minerais não renováveis são a base desse modelo. O aumento da população, aliado ao modelo já insustentável de crescimento econômico intensivo em energia e em materiais, exerceu forte pressão sobre os bens minerais e, conseqüentemente, sobre o equilíbrio ambiental do Planeta. De acordo com Sclair (2004 p.26), “nos últimos 50 anos a economia mundial praticamente quintuplicou, o consumo de grãos triplicou e o consumo de papel cresceu além de seis vezes. No entanto, ainda, a hoje mais de 2,8 bilhões de pessoas sobrevivem com menos de 2 dólares por dia segundo dados publicados pelo PNUD no Sustainable consumption: a global status report de 2002.” Segundo dados do DNPM cerca de 6,5 bilhões de toneladas de minérios foram oficialmente lavrados no mundo, excluindo-se rochas ornamentais e petróleo. Isso tem levado em alguns casos à exaustão das melhores reservas, mais ricas em termos de teor de concentração dos minérios, e o deslocamento da atividade de explotação para jazidas que apresentam teores mais baixos provocando assim maiores impactos ambientais, tanto pela movimentação dos terrenos como pela geração de rejeitos, para a obtenção de igual quantidade de minério comercializável. Segundo Scliar o cobre é um bom exemplo disso pois, no início do século XX, o minério de cobre contendo menos de 10% de metal