realismo no conto, missa do galo
Machado de Assis em seu conto A Missa do Galo publicado em 1899, dá visibilidade a um diálogo entre um jovem de dezessete anos e uma senhora de trinta. O conto vem de um contexto de efervescência de teorias científicas e filosóficas, em que Machado e os demais literários procuram dar voz aos altos e baixos da vida cotidiana, bem como dos problemas sociais e individuais do homem. O Realismo vem caracterizar as obras desse período na medida em que se observam questões como adultério, egoísmo, vaidade e interesse, além da hipocrisia, o parasitismo social, a dissimulação e o poder de sedução da mulher nessas obras.
Como é de característica do movimento realista criticar a igreja e as instituições sociais, no conto em questão temos D. Conceição, uma senhora casada com o escrivão Meneses (Chiquinho), este que fora marido em “primeira núpcia” da prima do jovem Nogueira. Nogueira é o jovem que é recebido como hóspede na casa do casal por alguns dias, e tem seu encontro e tímido diálogo narrado no conto machadiano.
A narrativa trás em si fortes aspectos do Realismo, como já comentado. Atentemos, em especial, para a sua minusciosidade, a focalização de muitos detalhes tanto do ambiente como do comportamento dos personagens. Em sua temática, aborda pontos críticos da sociedade, agora não mais com o excessivo subjetivismo romântico que chega a uma emotividade e espontaneidade sentimental, no entanto, vem com uma descrição real das relações humanas, dos limites pré-concebidos e das insatisfações e angústias advindas de tais convenções.
O narrador realista joga com as relações de causa e efeito, e com o Determinismo, visto que Meneses tem sua porção de erros quanto à fidelidade no matrimônio. E o comportamento do casal protagonista determina-se pelo meio ambiente em que ocorre, somado aos fatores que justificam logicamente suas ações, a exemplo disso, D. Conceição, por ser uma “santa”, a boa esposa negligenciada