Realidades económica e política das sociedades ágrafas
Realidades económica e política das sociedades ágrafas
Procurando conhecer mais sobre a realidade económica e política destes povos ágrafas, é difícil não entrar num mundo de comparações com a sociedade actual. Não no sentido de comparar o fosso existente num sentido meramente evolutivo, ou de constatar, que nós podemos adquirir artigos de produção em larga escala, mas no sentido mais humano de perceber se seremos mais felizes, ou para não entrar na discussão do que é felicidade, se estaremos mais satisfeitos.
Por uma sociedade possuir uma economia de subsistência, não pressupõe que os seus membros não disponham de meios suficientes para preencherem as suas reais necessidades. Como demonstrou P. Clastres nas suas crónicas, os indígenas sentir-seiam satisfeitos e não mostravam apetência em querer comprometer os seus largos tempos de lazer e de liberdade, em troca de um acrescido pseudo-bem-estar, alicerçado num maior tempo de trabalho conducente a uma situação excedentária. Por outro lado, nas sociedades industrializadas, esta questão da satisfação das necessidades, dada como garantida à partida, revela alguma falsidade, pois enquanto alguns de nós consomem em excesso outros haverá que nada têm para consumir. E, mesmo ao conquistarmos o acesso a uma panóplia de bens, que preço pagamos? Não em termos pecuniários, mas sim num custo de oportunidade no que à nossa natureza humana diz respeito.
Podemos olhar para estas sociedades ágrafas como o passado, e para a nossa sociedade como o presente, mas essa será uma visão conturbada. Muitos estudiosos consideraram, e alguns ainda consideram, o curso do desenvolvimento como um caminho de progresso, enfatizando um ideal de progresso exponencial. Nesta perspetiva parece certo que foi desenhado um percurso em que nós somos a meta ( Aguiar, 2008).
Mauss, desempenhando um papel importantíssimo para a sociologia e na sequência de
um desmembrar do pensamento de E. Durkheim,