Raízes do Brasil ...
Sérgio Buarque de Holanda inicia uma síntese do que seria seu futuro livro, publicado em 1936, Raízes do Brasil, afirmando que a principal contribuição brasileira para a civilização seria a cordialidade. Tendo como referência uma análise elaborada por Ribeiro Couto, a respeito da especificidade latina, Sérgio Buarque enfatizaria a importância da noção de "homem cordial". Esse pressupõe lhaneza no trato, hospitalidade, generosidade, virtudes estas características da psicologia do brasileiro.
É preciso estar atento ao desenvolvimento da noção de "homem cordial" em Raízes do Brasil na medida em que o mesmo nos indica o caminho escolhido por Sérgio Buarque para caracterizar uma identidade nacional.
Ribeiro Couto, o criador da noção de "homem cordial", gostava de enfatizar o equívoco em se pensar o homem ibérico despojado de misturas raciais e culturais.
O homem ibérico puro é um erro (classicismo), tão grande como o primitivismo puro (incultura, desconhecimento da marcha do espírito humano em outras idades e outros continentes). É da fusão do homem ibérico com a terra nova e as raças primitivas que deve sair o 'sentido americano' (latino), a raça nova, produto de uma cultura e de uma intuição virgem, o homem cordial.
(Revista do Brasil. Carta endereçada a Alfonso Reis publicada originalmente no Jornal Monterey, editado pela Embaixada do México no Brasil. Esta carta data de 7 de março de 1931)
Essa citação nos indica a possibilidade de se pensar o "homem americano" como resultado de uma tradição ibérica imersa numa terra nova: Ribeiro Couto cria quase que uma tipologia para diferenciar o "homem americano" do "homem europeu". O primeiro se caracteriza por seu espírito hospitaleiro e por uma tendência à credulidade. Já o segundo teria uma atitude oposta, que estaria representada pela suspicácia e por um egoísmo característicos da pouca receptividade ao estrangeiro.
Ribeiro Couto sugere, na análise do Homem Cordial, uma atitude de