Raça e desigualdade
Analiticamente, se não ocorre à existência de raças no sentido biológico, contudo pode-se afirmar a existência de raça na realidade social, como maneiras de classificar e orientar as ações humanas.
A raça é uma construção social mutável através do tempo e entre os contextos sociais, sustentada por uma ideologia racial. Contudo, o importante é o fato de que no contexto brasileiro a classificação racial se apóia tanto na aparência (características fenotípicas), na ascendência, quanto no status sócio-econômico da pessoa. No Brasil, de forma distinta da classificação baseada exclusivamente em regras de descendência e por um sistema rígido e dicotômico - a classificação racial é fluida e variável, pois a combinação fenotípica com o status sócio-econômico pode “embranquecer” ou “escurecer” o individuo, isto é, negro rico pode ser considerado branco, e branco pobre pode ser considerado negro. Em termos de miscigenação, a mistura racial tende a embranquecer a população brasileira.
Assim, a cor seria apenas um dos elementos de que se lança mão na construção social das relações raciais. E devido à complexidade do processo de classificação racial no Brasil é preciso atentar, para a situação social específica em que ele se desenrola e que lhe confere significado. A percepção social da cor e a escolha e/ou atribuição de categorias de cor é uma operação complexa que envolve não apenas uma apreensão de características fenotípicas, aqui imbuídas de valor e carregadas de significado, mas em