Raça e brasilidade
Jandson F. da Silva*
A formação do povo brasileiro foi e ainda é motivo de inquietação entre estudiosos das ciências humanas. Parece instigante a idéia de uma extensão territorial imensa, onde seus habitantes falam a mesma língua, compartilham mesmos modos, em fim, se encontram regidos por um signo único: o de “brasileiro”. Tal signo tem uma função a mais que a simples demarcação do território natal, soa carregado das significações que lhe foram atribuídas pelos enunciados pelos quais emergiu.
O brasileiro hospitaleiro, festeiro; o Brasil isento de linha de cor, formado por um encontro pacífico das etnias; o “País do Carnaval”... Essas são formas bastante recorrentes de se referir ao Brasil. A essas imagens de Brasil e do brasileiro estou chamando brasilidades.
Proponho aqui um breve passeio pela história, enfocando os principais discursos que contribuíram na constituição dessas brasilidades. Faço este percurso à luz de um signo que, a meu ver, foi bastante utilizado como um dispositivo de poder capaz de dar diversas resoluções à questão das brasilidades de acordo com a época em que esta são enunciadas (como veremos), este signo e da Raça Humana.
Analiso os discursos raciais como dispositivos de poder, na produção das subjetividades brasileiras.
O que seria esse poder de qual trato aqui?
Seria a tensão constante entre as forças. O embate produzido pelos enunciados. A luta entre os saberes legitimados e os saberes sujeitados, onde os primeiros, numa tentativa de calar os últimos, fazem com que estes produzam suas formas de resistência.
Creio que esta explanação já esclarece o que pretendo tratar. Mais detalhamento só iria de encontro ao meu intuito, uma vez que não pretendo aqui me valer de uma definição fechada das formas de poder, ao invés disso, tentando um diálogo com a proposta de Foucault, almejo determiná-las “em seus mecanismos, em seus efeitos, em suas relações” (Foucault, 2002, p.19). Ou seja, o poder em sua dupla face de