razão e fé no pensamento de santo agotinho

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Por diversas vezes e em diversos lugares, Agostinho analisou expressamente as relações entre a fé e razão com base na sua experiência pessoal. A insistência com que estas duas expressões ocorrem no De Vera Religione e no De Utilitate Credendi demonstra bem que se trata de um tema maior, de importância capital para o entendimento correcto de todo o pensamento filosófico e teológico do bispo de Hipona. Na verdade, a relação entre fé e razão constitui o núcleo essencial do método agostiniano na busca incansável da felicidade ou da sabedoria.

Em última análise, tudo se reduz à descrição do processo histórico que levou Agostinho, pelos caminhos da razão (intellige ut credos), a tornar à fé de Mónica e como depois, por impulso da mesma fé (crede ut intelligas), continuou a servir-se da razão para ulterior esclarecimento daquela - a fé em busca da inteligência (fides quarens intellectum). Nesta breve exposição seguiremos de perto, além das obras mencionadas, o amplo relato do livro VIII das Confissões.

Agostinho afirma nas Confissões que aderiu à fé católica depois de ter percebido claramente, mais com o «bom senso» natural do que com profundas reflexões filosóficas, o quanto era razoável o passo que se propunha dar. Antes da adesão formal à fé cristã, tinha vencido etapas importantes no seu itinerário para a verdade e que constituíram outras tantas premissas racionais em relação à mesma fé, como sejam, a existência, a imutabilidade e providência de Deus - motivos de credibilidade com que se apresentam as Escrituras e a Igreja. Uma vez recuperada a fé, faltava-lhe pôr-se em dia com as exigências da razão no ulterior esclarecimento de problemas para cuja solução só dispusera da mesma fé: espiritualidade e inteligibilidade de Deus, o problema do mal, etc. A descoberta dos Neoplatónicos permitiu-lhe compreender racionalmente, filosoficamente, outras verdades, antes só por fé conhecidas, e que, deste modo, confirmadas agora pela razão, vieram promover uma ulterior e

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