Raul pompéia
O CONTO ESQUECIDO PELO MODERNISMO: “TÍLBURI DE PRAÇA”, DE RAUL POMPÉIA Sidnei Xavier dos Santos (Mestrando – USP)
RESUMO: A obra em prosa de Raul Pompéia, apesar dos esforços isolados de alguns pesquisadores, que intentam retirar do limbo a maior parte do que o autor escreveu, obnubilada pelo brilho intenso de O Ateneu, ainda carece de um olhar crítico que destaque sua qualidade literária e estética e a recoloque no fluxo da história literária enquanto fonte de criação e influência. Seus contos, publicados em periódicos da época, e reunidos em volume apenas em 1981 pelas mãos de Afrânio Coutinho, estão injustamente relegados ao fosso de algumas antologias esquecidas. “Tílburi de praça”, talvez o mais citado dos contos de Pompéia, o que não lhe significou grande mérito ainda, é uma das muitas peças mágicas que o autor produziu no gênero e que clamam por uma revisão justa e reveladora. Se Graciliano Ramos, na sua altura, o citou como “o conto sonegado pelo Modernismo”, cabe-nos entender que modernidade se esconde nesse texto publicado em 1889 no periódico carioca A Rua. Mais que isso, como enxergá-lo na obra de um autor classificado pela crítica como realista, impressionista, simbolista, naturalista e, até, romântico. É esse o objetivo do estudo. PALAVRAS-CHAVE: Raul Pompéia; conto brasileiro; século XIX; modernidade.
A obra de Raul Pompéia no gênero conto é pouco conhecida e estudada. Reunida em volume apenas em 1981 pelo trabalho de Afrânio Coutinho, sua produção atinge a casa dos cinquenta contos, publicados em jornais de São Paulo e Rio de Janeiro entre 1881 e 1890. Obnubilados pela fama de O Ateneu, assim como todo o restante de sua obra, apenas recentemente seus contos vêm despertando alguma atenção. No entanto, não significa que tenham ficado totalmente esquecidos. A escassa crítica existente sobre os contos tem destacado a mudança