Ratos no labirinto

O rato no labirinto
Há uma colônia de ratos que habita um labirinto chamado Gaia. Este é apenas mais um dentre os bilhões de labirintos existentes. O que torna este acontecimento aleatório especial é o fato de que, dentre tantas espécies que convivem com os ratos, apenas estes possuem consciência de que estão num labirinto, e, por sua capacidade cognitiva elevada, ainda conseguem entender os mecanismos que constituem seu lar.
Inicialmente, a preocupação de cada roedor era simples: comer, dormir e amar. Anos depois, conseguiram desdobrar algumas paredes do labirinto ao seu redor, tornando a vida mais confortável e despreocupada, o que ocasionou o florescimento da razão. Por meio desta, ratos conseguiram produzir linguagem, cultura e outros fatores essenciais para a elaboração de um texto tal o que vos apresento.
Apesar do conforto material, consequência da melhor compreensão da estrutura que compõe Gaia, a vida não melhorou. Criaturas extremamente sagazes (algumas mais do que outras), os roedores iniciaram um novo tipo de dominação: mais importante do que manusear o labirinto, é controlar aquele que o manuseia, ou seja, seus semelhantes. Gaia vislumbrou desde então, espetáculos periódicos de sangue, suor e dor. A disputa pelo poder e glória por frações de tempo ínfimas, controle do labirinto e roedores, foi a gênese da infelicidade, discórdia e fome. De que vale a consciência e a razão, quando não se é dono nem do seu próprio estômago?
O conhecimento, que deveria ser usado em prol de todos, será a principal arma de dominação dos ratos. Máquinas foram construídas dentro do labirinto, regulando a vida de cada indivíduo. Ao nascer, mesmo não pertencendo a uma casta em especial, o ser recebe um script, pré-determinado por seus antecessores, que dita, em partes, qual será a função e a direção tomada por ele em sua breve existência. Fatores superficiais, como cor do pelo, quantidade de queijo que possui, ou ainda região do labirinto em que nasceu, definirão qual