Raposa e o bode
Uma raposa caiu em um poço e foi obrigada a permanecer ali. Um bode, levado pela sede, aproximou-se do mesmo poço e, vendo a raposa, perguntou-lhe se a água estava boa. E ela, regogizando-se pela circunstância, pôs-se a elogiar a água, dizendo que estava excelente e o aconselhou a descer. Depois que, sem pensar e levado pelo desejo, o bode desceu junto com a raposa e matou a sede, perguntou-lhe como sair. A raposa tomou a palavra e disse: "Conheço um jeito, desde que pretendas que nos salvemos juntos. Apóia, pois, teus pés da frente contra a parede e deixa teus chifres retos. Eu subo por aí e te guindarei." Tendo o bode se prestado de boa vontade à proposta dela, a raposa, subindo pelas pernas dele, por seus ombros e seus chifres, Como o bode a censurasse por não cumprir o combinado, a raposa voltou-se e disse ao bode: "Ó camarada, se tivesses tantas ideias como os fios de barba no queixo, não terias descido sem antes verificar como sair."
ESOPO. Fábulas completas. Tradução direta do grego, introdução e notas por Neide Smolka. São Paulo: Moderna, 1994. Invariantes | Variantes | 1. Desígnio | A raposa caiu em um poço. “Uma raposa caiu em um poço e foi obrigada a permanecer ali” | 2. Viagem | A raposa vai até o poço. | 3. Desafio ou Obstáculo | Sair do poço. | 4. Mediação | A raposa usa o bode para sair do poço.“subindo pelas pernas dele, por seus ombros e seus chifres, encontrou-se na boca do poço, saltou e se afastou.” | 5. Consquita do Objetivo | A raposa consegue sair do poço usando o bode.“encontrou-se na boca do poço, saltou e se afastou.”