Raizes do Brasil Resumo
A tentativa de implantação da cultura européia em extenso território é o fato dominante e mais rico em conseqüências nas origens da sociedade brasileira. Somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. Todo o fruto do nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem. Caberia averiguar até onde temos podido representar aquelas formas de convívio, instituições e idéias de que somos herdeiros.
É significativa a circunstância de termos recebido a herança através de uma nação ibérica.
A colonização holandesa não nos teria levado a melhores e mais gloriosos rumos.
Dois princípios se combatem e regulam as atividades dos homens. Encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador. Para o aventureiro, o objeto final assume relevância tão capital que chega a dispensar todos os processos intermediários. Seu ideal será colher o fruto sem plantar a árvore. O trabalhador, ao contrário, é aquele que enxerga primeiro a dificuldade a vencer, não o triunfo a alcançar. O esforço lento, pouco compensador e persistente, tem sentido bem nítido para ele. O indivíduo do tipo trabalhador só atribuirá valor moral positivo às ações que sente ânimo de praticar e, inversamente, terá por imorais e detestáveis as qualidades próprias do aventureiro. Por outro lado, as energias e esforços que se dirigem a uma recompensa imediata são enaltecidos pelos aventureiros.
Na obra da conquista e colonização dos novos mundos coube ao “trabalhador” papel muito limitado. A época predispunha aos gestos e façanhas audaciosos, galardoando bem os homens de grandes vôos. E não foi fortuita a circunstância de se terem encontrado neste continente, empenhadas nessa obra, principalmente as nações onde o tipo do trabalhador encontrou ambiente menos propício.
Toda a estrutura de nossa sociedade colonial teve sua base fora dos meios urbanos. Se não foi uma civilização agrícola o que os portugueses instauraram