Raiva (breve revisão)
REVIEW ARTICLE
Pub. 718
ISSN 1678-0345 (Print)
ISSN 1679-9216 (Online)
Raiva: uma breve revisão
Rabies: a brief review
Helena Beatriz de Carvalho Ruthner Batista 1, Ana Cláudia Franco1 & Paulo Michel Roehe1,2
RESUMO
Provavelmente todas as espécies animais de sangue quente são passíveis de serem infectadas pelo vírus da raiva
(VR). No entanto, a maioria dessas espécies, quando infectadas, tornam-se hospedeiros finais do agente, pois a infecção resulta em morte e não ocorre disseminação do mesmo para novos hospedeiros. Para garantir sua perpetuação na natureza, o VR adaptou-se a determinadas espécies, denominadas “hospedeiros naturais”, as quais servem como reservatórios do vírus. Durante esse processo de adaptação, modificações genômicas e antigênicas são geradas, originando as chamadas “variantes” do VR.
Estas por vezes apresentam alterações que podem ser utilizadas como marcadores epidemiológicos, permitindo, por exemplo, a identificação da espécie fonte de infecção ou de variantes associadas a determinados nichos ecológicos. Nesta breve revisão são apresentados dados sobre o VR e sobre a ocorrência de variantes no Brasil, com ênfase nos achados de uma parcela dos inúmeros estudos realizados sobre o tema. São também apresentados e discutidos dados epidemiológicos sobre a situação da raiva no País nos últimos dez anos (1997-2006), salientando-se a marcada redução no número de casos de raiva urbana em cães e em humanos, estes últimos infelizmente compensados por um aumento no número de casos humanos associados a contatos com morcegos hematófagos no triênio 2004-2006.
Descritores: Raiva, Brasil, revisão, variantes, epidemiologia.
ABSTRACT
Probably all warm blooded animals are susceptible to rabies virus (RV) infections. However, most of these species will end up as terminal hosts for the virus, since a fatal outcome is the rule and usually no virus dissemination from such hosts