Racionalismo, fé e escatologia
Daniel Bastos Gasparotto
I - Introdução
Todos os anos o tema se repete e já estamos acostumados ao cenário: toda vez que ocorre alguma catástrofe natural em algum canto do mundo, milhares de discussões surgem nas igrejas, sites, blogs, Orkut, etc. a respeito da Escatologia. Não são poucos os livros e artigos que surgem a cada dia, a respeito da especulação sobre o arrebatamento e o retorno de Cristo. Comumente, o fundamento bíblico para tal consideração está em I Ts 4:16-17:
“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”.
Escatologia significa literalmente estudo das últimas coisas, ou, podemos dizer, estudo sobre o fim dos tempos. Assim, há certo tempo passou-se associar no meio evangélico (em geral) que qualquer catástrofe seria prelúdio escatológico de um iminente seqüestro relâmpago e secreto de todos aqueles que estivessem prontos para o temido arrebatamento. A idéia de um arrebatamento secreto está intrinsecamente relacionada a uma (mas, obviamente, não a única) das correntes escatológicas existentes na teologia: o pré-milenismo. De acordo com os pré-milenistas, em suma, o mundo tomaria um rumo caótico, o planeta insuportável para se viver, as pessoas endurecidas ao evangelho e, quando chegasse o momento, todos os salvos seriam arrebatados (sumiriam), enquanto o anticristo governaria e o planeta se dissolveria em caos; enfim, após um período de sete anos, Jesus retornaria com os santos, prenderia o diabo e instauraria um período de mil anos literais de governo terreno. Tal corrente possui algumas variações, como o pré-tribulacionismo (arrebatamento antes de uma “grande tribulação”), mesotribulacionismo (no meio da tribulação) e pós-tribulacionismo (após a