Química orgânica 2
PROF. HUMBERTO POLLI
I. HISTÓRICO DA QUÍMICA ORGÂNICA
Até as primeiras décadas do século XIX, os pesquisadores ficavam intrigados com o fato de que muitos compostos só podiam ser obtidos de seres vivos, nunca, porém, em laboratório. Essa impossibilidade os levou a considerar que as substâncias extraídas exclusivamente de organismo vivos (como gorduras, corantes, perfumes, álcoois e certos ácidos) seriam de uma classe diferente daquelas provenientes do reino mineral (como a ferrugem, a água e a maioria dos sais). Por essa razão, as primeiras foram chamadas de substâncias orgânicas e, as segundas, de inorgânicas.
A diferença entre essas duas classes parecia tão nítida que, para estudá-la, a
Química foi dividida, já no final do século XVIII, em duas grandes áreas: a Química
Orgânica e a Química Inorgânica.
Sabia-se, por exemplo, que se obtinha a ferrugem expondo-se um pedaço de ferro ao ar livre, ou expondo-o ao oxigênio puro em laboratório. O composto resultante era, portanto, classificado como inorgânico. Por sua vez, o álcool etílico (obtido da fermentação do vinho e de outras bebidas alcoólicas) e o sabão eram considerados produtos orgânicos, pois não podiam ser obtidos de substâncias inorgânicas, por mais que se experimentassem diferentes procedimentos. Os fatos pareciam demonstrar que nesses casos, a participação de organismos vivos era fundamental.
Para estabelecer a diferença entre essas duas classes de substâncias, a explicação mais aceita era dada pela teoria do vitalismo, formulada há algumas décadas antes por John Jacob Berzelius. Segundo essa teoria, os compostos orgânicos possuíam um componente chamado força vital, proveniente de fontes que já o continham.
John Jacob Berzelius (1779-1848): Químico sueco, foi professor de Química em Estocolmo e Secretário da
Academia de Ciências. Importante cientista de sua época, dentre inúmeras contribuições para a ciência, foi quem introduziu, em 1811, os símbolos que