QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Poluição e Tratamento de Água N° 10, NOVEMBRO 1999 QUÍMICA E SOCIEDADE
Antes de podermos discutir algumas questões ligadas à qualidade das águas, temos que entrar em acordo sobre o que entendemos por ‘poluição’.
É uma palavra com muitos significados: alguns técnicos, outros emocionais; uns rigorosos, outros flexíveis.
Sem a pretensão de definir o termo, podemos, para os fins deste artigo, encarar a poluição como um caso de
‘matéria no lugar errado’: a poluição ocorre quando há excesso de uma substância, gerada pela atividade humana, no sítio ambiental errado.
Esse tipo de definição, embora não seja adequada para uma análise científica rigorosa, é extremamente útil por nos permitir a discussão de uma série de pontos de vital importância.
Critério de pureza ambiental
O primeiro desses pontos é o questionamento do que entendemos por
‘pureza’ do meio ambiente. Se, quando pensamos em pureza, imaginamos algo que “não está contaminado por nenhuma outra substância”, então não existe uma única gota d’água pura em nosso ambiente. As águas dos poços, fontes, lagos, rios, mares e oceanos contêm quantidades extremamente variáveis de uma série de sais dissolvidos.
Mesmo a água da chuva chega ao solo já ‘contaminada’ pelo gás carbônico presente na atmosfera (entre outros). A água mais pura que se conhece é aquela encontrada nos laboratórios, após ter sido passada várias vezes por resinas trocadoras de íons ou destilada repetidamente. Ainda assim, ela não será totalmente livre de outras substâncias.
Aliás, o próprio conceito de pureza é muito relativo. No caso da água, ele depende fundamentalmente de dois fatores: o uso a que ela se destina e a aparelhagem utilizada para medir o grau de pureza.
Uma água que se considere adequada para fins recreativos, por exemplo, muito provavelmente não se encaixará nos padrões de potabilidade exigidos para a ingestão humana. Além disso, se temos hipoteticamente água com
99,9988% de pureza e utilizamos um instrumento de medição que não