Quintiliano
1. Trazido o menino para o perito na arte de ensinar, este logo perceberá sua inteligência
e seu carácter (1). Nas crianças, a memória é o principal índice de inteligência, que se
revela por duas qualidades: aprender facilmente e guardar com fidelidade (2). A outra
qualidade é a imitação que prognostica também a aptidão para aprender (3), desde
que a criança reproduz a o que se lhe ensina, e não apenas adquira certo aspecto,
certa maneira de ser ou certos ditos ridículos.
Explicação
1"Esta observação psicológica que Quintiliano aplica em toda sua obra, tanto
a respeito dos alunos, como dos mestres, é um de seus mais felizes acertos."
Luzuriaga, História da Educação e da Pedagogia, trad. bras., São Paulo,
Companhia Editôra Nacional, 1955, p. 73.
2A facilidade para captar e reter o que se ensina é uma das mais prometedoras
características da inteligência. Cf. capítulo VII, nota nº 36, p. 202.
3O segundo sinal de bons dotes para o estudo é a docilidade em reproduzir os
bons ensinamentos. 4Quintiliano acha que nem todas as tarefas necessitam da
explicação e guia do mestre. Algumas realizam-se mesmo sem sua interferência,
como memorizar e compor. É necessário deixar, com discrição, o aluno ir
caminhando através de suas próprias forças.
2. Não me dará esperança de boa índole uma criança que, em seu gosto pela imitação,
não procurar senão fazer rir. Porque, primeiramente, será bom aquele que, na
verdade, for talentoso; senão eu o julgarei antes retardado do que mau. O bom
mesmo se afastará muito daquele lerdo e inerte. 3. Este meu (menino bom)
compreenderá sem dificuldades aquelas coisas que lhe forem ensinadas e também
perguntará algumas vezes; entretanto, mais acompanhará do que correrá à frente.
Estes espíritos que, de bom grado, eu chamaria de precoces, não chegarão jamais à
maturidade.
Explicação
Quintiliano percebia que é próprio desta idade primeira