Quintaneiro
Empregados da Fazenda 3R, em Figueirão (MS), não recebiam há meses. Sem salários, acabavam se endividando para comprar alimentos e itens básicos na cantina de área em nome da Itararé Administração e Participação Ltda.
Recrutados para "limpar" a área e formar pastagem, trabalhadores aliciados pela empreiteira Sadomil Empreitadas entre novembro de 2009 e março de 2010 nos estados nordestinos do Maranhão, Piauí e Pernambuco foram libertados da Fazenda 3R, no município de Figueirão (MS).
O grupo de 14 pessoas foi encontrado em condições análogas à escravidão junto com um casal local e um adolescente de 16 anos, morador de Campo Grande (MS), pela comitiva formada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pela Comissão Permanente de Investigação e Fiscalização das Condições de Trabalho em Mato Grosso do Sul (CPI/FCT). Ocorrida entre 18 e 19 de agosto, a operação foi motivada por uma denúncia feita à PRF. A propriedade pertence à Itararé Administração e Participação Ltda. e possui cerca de 10 mil hectares de extensão.
Risco: Trabalhador improvisava luva com meias velhas para aplicar agrotóxico (Foto: MPT/MS)
As vítimas chegaram à fazenda sem registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e sem a Certidão Declaratória, que deve ser emitida pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) mais próxima do local de origem dos contratados. "A ausência de registros dos contratos de trabalho priva os trabalhadores de seus direitos sociais", afirma Simone Rezende, procuradora do trabalho que coordenou a ação.
Os empregados estavam sem receber salários há aproximadamente três meses. Diante disso, viam-se obrigados a comprar alimentos e outros itens básicos na cantina da fazenda. Os produtos eram comercializados por preços muito superiores aos de mercado. Uma caixa de suco, por exemplo, chegava a custar espantosos R$ 20. A fiscalização